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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Strangers


Estes breves momentos de paz e silêncio chegam a ser esquisitos. E eu que vivo a reclamar minha falta de tempo, me pego parada, sem fazer nada, inutilizada neste espaço sofrido, com receio de pegar papel e caneta e tornar a me frustrar. Às vezes minhas próprias palavras me enjoam e sinto vontade de não pensar; mas é quando me vem um ímpeto de escrever frases que possivelmente ainda não experimentei. Procuro por algum resquício de sentimento recolhido a um canto de mim, que talvez sinta por um ser humano sem nome, e percebo que o único assunto sobre o qual ainda sei escrever é essa ausência da necessidade de escrever – quase uma ironia.
E como é desconcertante não precisar da arte que sempre me aliviou. Provável é que eu já tenha desgastado todos os meus temas, exprimido todo meu drama, esmiuçado todas as dores. Surpreende-me a idéia de que a essa hora da manhã ninguém tem disponibilidade para me ler; e antes bastava escrever por desabafo, mas hoje eu quero me expor e mostrar ao mundo que não sou dada à futilidade de apenas existir; exibir o quanto me esforço para ter alguma espécie de amor e passá-lo adiante.
Creio que seja fruto da minha insegurança e má fé; vejo que coloco, eu mesma, as pedras no meu caminho só para ver se alguém repara quando as retiro, passo por cima, sou maior. Faço por descobrir meus limites e superá-los, faço porque sei me recompor e porque gosto de percorrer cada detalhe dos mecanismos da dor; faço pela beleza da contradição, porque carrego a loucura como justificativa; faço porque não me arrependo de arranhar as feridas recém saradas e fazê-las sangrar novamente: regenero. Faço porque desenvolvi maneiras de sobreviver a qualquer dano. Finjo que me engano: estrago os planos, para me impor contra a natureza, perseguindo os perigos do vento, negando os abrigos, ignorando as saídas.
Espera. Eu vou me consertar. Ando querendo lhe encontrar só mesmo para matar essa saudade, mas confesso que esses sonhos não me deixam à vontade. Eu sou covarde quando se trata de admitir minhas fraquezas.

Written by: Angélica Manenti

Um comentário:

  1. Como tenho visto seu apelo por comentários me senti muito tocada e resolvi vir aqui dar o ar da graça. Talvez eu não seja a melhor pessoa pra comentar, na verdade eu tenho lido algum dos seus textos, mas eu tenho esse problema de nunca saber o que dizer nos comentários. É normal, faço isso em todos os blogs que acompanho. Eu comecei a ler Ensaios sobre o Amor mas parei. Prometo continuar e, sim, comentar. Quem é que não gosta de um pouco de atenção? :)

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