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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Fragmentos Ensinados


Estes dias de sufoco, alheia aos barulhos do mundo. Deixei de sentir, não presto atenção às roupas que vou vestir, descuido de mim. É como beirar o fracasso: será que estava certo tudo estar sempre prestes a se acabar? Viver é ver todos os dias o tempo ficando para trás; é tempo decorrido, mal gasto. Dias que exigem mais do corpo, dos meios, de enfrentar os receios. Quando você sente as coisas bem terminadas, o alívio de se livrar, e não tem significado. Nós temos tantas dúvidas, e mesmo assim muito pouco muda. A tranqüilidade até está à venda, mas tem um preço alto: tira o sono – o descanso é bom quando o corpo dói. O amor é um esforço do ser que nos impede de ter razão; essa idéia do não. Todos nos dizem ‘não’, mesmo quando não significam nada. E pode ser alguma coisa, ou muitas coisas sobre nada. Ou de alguma coisa maior, algumas que acontecem sozinhas, feitas por si só. Quem sabe a nostalgia indique dor – ou automaticamente vem seguida da dor – tanto que algumas vezes se confundem, são as duas ao mesmo tempo, existindo juntas até que uma sem a outra perca o sentido. O som de um beijo, de um soco, de um tombo. Nós só tentamos imitar, não adianta querer se resguardar: estamos expostos e a lembrança não perdoa amores mal acabados.

Written by: Angélica Manenti

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