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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Qual de nós?

Quem tem mais direito de amar?
Se estamos numa disputa,
Que eu não saia perdendo outra vez.

Quem vai cuidar dos meus sonhos se eu adormecer?
Se estamos cansados,
Que eu me refaça para continuar.

Quem vai me descobrir se eu esconder?
Se estamos todos fingindo,
Que eu me esqueça de atuar.

Quem vai ficar se eu preferir fugir?
Se estamos todos perdidos,

Que eu consiga me reencontrar.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Confissão

Eu devo ter feito algumas más escolhas nessa vida,
Até que a vi de uma maneira
Que eu não tive mais escolha.

Tentei evitar para não me perder,
Por algum tempo eu nem queria pronunciar o seu nome,
Mas você parecia querer ficar.

E agora que estamos nesta fase estranha,
Em que eu não sei bem o que você sabe,
Você talvez não saiba do que eu sinto
E cada uma deve ter sua própria verdade,
Eu tento continuar sem me culpar.

Apesar do seu esforço para me negar,
Não espere que eu desista e vá embora,
Antes de ter a chance de lhe dizer

O quanto eu gosto de estar com você.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Descrição

Você é o compasso arrastado de um bolero,
É o aroma suave dos seus cachos ao despertar,
São seus olhos entreabertos,
Preguiçosos, querendo me alcançar,
Refletindo a manhã numa luz boa de fotografar.

É sua pele tentando me tocar,
É um sorriso desperdiçado de tanto querer,
É uma boca cujos beijos só querem me encontrar,
É um coração cujas batidas insistem em me chamar.

Você é um silêncio muito bem compreendido,
É uma palavra que ficou para depois sem ser dita,
São os sons das verdades escondidas,
Somos mesmo um amor impossível?

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Mudamos



Eu queria por descuido descobrir como você me vê,
Se repara em mim quando eu olho pra você,
Se esse brilho que se mudou para os seus olhos ultimamente tem o mesmo motivo,
Se faz sentido tudo isso que agora dividimos.

Será que dormir ao seu lado seria seguro?
Que cor devem ter os seus olhos na luz da manhã?
Que cheiro deve ter sua pele em meio aos lençóis?
Que segredos você fará questão de me contar?
Quantos silêncios vamos estragar com boas risadas?
Que gosto será que esse gostar terá?

Eu andei me proibindo por um tempo,
Achando errado vê-la dessa forma,
Me esquivando dos momentos em que você me surpreende,
Me convencendo de que seu mundo era muito distante do meu.

Mas hoje eu soube que nossos signos combinam,
E quando a sua mão tocou a minha por acaso
Eu tive vontade de me demorar.
Queria saber se falta muito pra você me desvendar,
E se você pretende fugir quando nos descobrir,
Ou se de repente você prefere ficar.

Hoje eu entendi o que me faz tão bem em você.
Quando te achei sorrindo e vi que era mais leve,
Um sorriso distraído que escapou,
Provavelmente sem querer,
Mas por que não se conteve dessa vez?

Parece mesmo que você anda diferente,
Tem se protegido menos quando estou.
Talvez tenha me visto de uma forma inesperada,
E certamente ainda não sabe se pode se permitir,
Ou tem tanta certeza que anda com esse medo novo de se desarmar.

Parece que vamos ter de esperar algumas coisas se acertarem,
Talvez você demore para se entender,
Talvez eu ainda resista antes de admitir,

Mas hoje algo mudou em nós e não voltará a ser igual.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Catástrofe Verbal


Uma tragédia de verbos derramados,
É a enxurrada de palavras que deságuo,
Me dissolvo no papel.
Se não encontro barragens, me esparramo
Irrompem as águas de mim
Eu choro e chovo veneno.

Apagam-se as luzes,
O prédio está vazio.
As incertezas ainda avançam,
A lembrança insiste em me distrair.

Não a percebo.
Ainda me consomem as inquietações.
Procuro pelos corredores,
Mas ainda não a vejo,
Nem ao menos sei se você está.

Acho que errei a direção,
Ignorei as verdades que nos impedem
Arrisquei te procurar,
Inventei pretextos para te manter por perto.

Deixei uma poesia passar em vão
E me descobri só, no chão, te olhando.
Seus olhos na escuridão, sorrindo,
Tão cheios de ilusão, me confundem.

Seria mais fácil compreendê-la sem todos aqueles segredos,
Mas que eu saiba esperar.

Desencontros que se conversam para me enganar,
E eu ainda me rendo aos meus medos
No final das noites que sobram
Eu resto naquele bar e me demoro a ir embora

Porque ainda acho que isso vai passar.