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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ensaios sobre o amor I

ENSAIOS SOBRE O AMOR: UMA VISÃO PESSIMISTA

PARTE I
Aquele amor que chega a doer, que causa certos calafrios e te provoca até mesmo nos sonhos. Aquele amor pelo qual você começa a se julgar capaz de coisas antes impossíveis de realizar. Aquele amor que eu tive por ela, que foi platônico, eu sei, mas que hoje eu sinto muito por saber que jamais haverá qualquer sentimento que alcance tais dimensões.
Aquela saudade que faz você sangrar por todos os meios existentes e mesmo assim você acredita que é certo; enfraquece e desmaia, sem forças, sem história para contar e sem uma perspectiva de futuro.
Aquele quarto escuro. Os olhos se acostumam e tudo vira coragem. O amor é uma desvantagem. O amor é o único rosto que jamais se esquece. Amor insiste até que você desista e se entregue. Amar é muito perigoso; são pulsos cortados, cadernos rasgados, retratos despedaçados. Amor é ódio de si, é o mal maior que nos invade e toma conta, e suga suas verdades.
O amor é uma ameaça.

PARTE II
É vago. Ainda espero descobrir o que houve de errado, quanto tempo passou, quantas noites cometendo pecados para tentar escapar do pior, se esconder. É difícil viver fora de casa; você pensa muito em que horas vai voltar, se suas chaves ainda servem na fechadura; mistura qualquer bebida que lhe ofereçam até vomitar.
O amor é como um dia nublado: pode formar uma tempestade em instantes e arrasar tudo por onde passa, ou pode simplesmente aborrecer e ser chato o tempo todo. O amor tem seus esgotos; tem todos os defeitos da outra pessoa, dos quais você procura se livrar, mas que, no fim só percebe que ninguém muda por amor.
Nós nos sacrificamos por amor; procuramos provar que melhoramos nossas falhas para exibir o quanto nos esforçamos em fazer com que dure para sempre.
O amor é frio. Amor é inverno sem folhas nas árvores; é o cinza da paixão, é a rotina dos abraços e beijos acostumados. Amor é o descaso; são datas, buquês de flores e pares de sapato. Somos tão fracos. Tornamos-nos irracionais quando amamos; vamos para o quarto.

PARTE III
Sofrer de amor é uma tristeza estragada por sorrisos forçados. São todas as minhas bebedeiras dos finais de semana, todas as pessoas e a música alta que compõem minha festa, dançando.
Eu danço porque o balanço da música me empolga. Meu corpo pede, meus pés se movem involuntários e o álcool subindo depressa à minha cabeça. O ritmo aumentando, a fumaça de cigarros sufocando e eu continuo ascendendo um após o outro; nunca conservo ambas as mãos livres, há sempre um copo de bebida, um cigarro ou as nádegas de alguma garota entre elas; eu já sou velha neste jogo, sei muito bem o que faço.

PARTE IV
As mãos se movem, a pele arde, os olhos pesam, os dias morrem.
Desesperos enfileirados na sala de estar, aguardando sua hora de morder meus músculos, estourar minhas veias frágeis e fazer jorrar o sangue escuro, poluído e cansado. Os sons retidos, erros repetidos, roupas molhadas, os pés doloridos, corpos estendidos na calçada.
Fomos todos escolhidos para ofuscar a desordem; somos máquinas de encaixe que encolhem e não cabem mais. O tempo gasta, viver é corrosivo; o tempo escorre, nossa vida é tão lisa e esguia. Nossos lábios são mornos, nossa pele arrepia. Olhar o céu é o abandono, querer o céu é uma utopia. Idéias vazias.
Eu não esperava que algum dia acabasse entendendo dessas sandices. São preocupações para a filosofia dos mal-amados do século passado. Hoje nossas leis são diferentes, nossas amigas são mais indecentes.

-Continua-

Written by: Angélica Manenti

2 comentários:

  1. Realmente gostei de sua forma de escrever..
    E sobre o amor, bem..prefiro nem falar nada,
    pois no meu caso a coisa está um tanto crítica e se for pra falar..melhor ficar quieta..
    Mas é isso aí.. Parabéns dona moça :D
    Tô seguindo teu blog..ok?!

    =*

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  2. "Fomos todos escolhidos para ofuscar a desordem"


    meus cumprimentos para a genialidade de sua escrita;)

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