Algumas cicatrizes nós nos orgulhamos de ter. Parei por acaso num mundo onde o legal é se destruir. Vamos ser francos mais uma vez: a beleza está no caos. Minha vida não é fácil de ser contada. Eu já erro em muitas das coisas que sei fazer, então como podem esperar que eu me saia bem aprendendo a resistir às tentações?
Eu já senti a alma lavada e já conheci a agonia de perder a razão; tive coragem e também me arrependo daquilo que neguei por medo. Talvez eu goste de lhe ter como um novo brinquedo de sofrer. E se eu não fosse tão íntima das conseqüências... Mas o amor é uma velha doença; é o espinho da liberdade tão almejada. O que vou fazer com todas essas flores que lhe comprei? A quem servirá todas essas frases que lhe dediquei?
Ora, se fomos tão esquecidas pela felicidade, qual é o problema em ignorar a memória? Terrível ilusão essa de achar que se pode sobreviver com lembranças. E essa gana por uma nova busca? Seria um desperdício não aproveitar esse calor da juventude e esse ímpeto de mudar o mundo. Só nós ainda temos chance de acreditar que existem lugares reconfortantes em meio a toda essa humanidade. Ainda é nosso dever passar a esperança e o brilho adiante, antes que acabem as próprias estrelas do céu; antes que se apaguem as luzes mais intensas; antes que os homens matem uns aos outros por meras desavenças.
Já sufoquei, mas também já enchi meus pulmões com o ar gelado de uma noite de inverno e um cheiro familiar qualquer que me traga fragmentos de memórias indistintas. Já descobri muitas rimas depois que desisti de fazer poesias.
Já fui muito mais culpada do que posso suportar, mas já recebi alguns aplausos indiferentes de incentivo. Já fiz amizades impossíveis de conquistar e fui odiada por alguns que se parecem demais comigo, ao ponto de não conseguirem me enxergar. Quando nos destacamos, são as ameaças; quando nos recolhemos, é o vazio; quando sonhamos, é o desejo de nunca tornar a acordar.
Já forcei minhas idéias até o pensamento travar, já tentei me desligar e até cortei vínculos que jamais irão parar de sangrar. Já me diverti com filmes de terror e temi romances puros demais. Já escapei por pouco, já fui pega, já quis voar, me esconder ou até lhe mostrar algumas coisas que costumo escrever sobre você. Quem sabe se a solução não é mesmo a gente se arriscar?
Já amaldiçoei o sol quente demais ardendo na pele depois de meses implorando para a chuva cessar. Já sonhei em me casar, um pouco antes do porre passar. Já senti pena de alguns inimigos meus. Cuidei de me preocupar com a natureza, mas ignorei minha saúde e as boas noites de sono. E hoje, ao fim do dia, o máximo que eu sinto é abandono.
Written by: Angélica Manenti, em 20 de Novembro de 2009.
Eu já senti a alma lavada e já conheci a agonia de perder a razão; tive coragem e também me arrependo daquilo que neguei por medo. Talvez eu goste de lhe ter como um novo brinquedo de sofrer. E se eu não fosse tão íntima das conseqüências... Mas o amor é uma velha doença; é o espinho da liberdade tão almejada. O que vou fazer com todas essas flores que lhe comprei? A quem servirá todas essas frases que lhe dediquei?
Ora, se fomos tão esquecidas pela felicidade, qual é o problema em ignorar a memória? Terrível ilusão essa de achar que se pode sobreviver com lembranças. E essa gana por uma nova busca? Seria um desperdício não aproveitar esse calor da juventude e esse ímpeto de mudar o mundo. Só nós ainda temos chance de acreditar que existem lugares reconfortantes em meio a toda essa humanidade. Ainda é nosso dever passar a esperança e o brilho adiante, antes que acabem as próprias estrelas do céu; antes que se apaguem as luzes mais intensas; antes que os homens matem uns aos outros por meras desavenças.
Já sufoquei, mas também já enchi meus pulmões com o ar gelado de uma noite de inverno e um cheiro familiar qualquer que me traga fragmentos de memórias indistintas. Já descobri muitas rimas depois que desisti de fazer poesias.
Já fui muito mais culpada do que posso suportar, mas já recebi alguns aplausos indiferentes de incentivo. Já fiz amizades impossíveis de conquistar e fui odiada por alguns que se parecem demais comigo, ao ponto de não conseguirem me enxergar. Quando nos destacamos, são as ameaças; quando nos recolhemos, é o vazio; quando sonhamos, é o desejo de nunca tornar a acordar.
Já forcei minhas idéias até o pensamento travar, já tentei me desligar e até cortei vínculos que jamais irão parar de sangrar. Já me diverti com filmes de terror e temi romances puros demais. Já escapei por pouco, já fui pega, já quis voar, me esconder ou até lhe mostrar algumas coisas que costumo escrever sobre você. Quem sabe se a solução não é mesmo a gente se arriscar?
Já amaldiçoei o sol quente demais ardendo na pele depois de meses implorando para a chuva cessar. Já sonhei em me casar, um pouco antes do porre passar. Já senti pena de alguns inimigos meus. Cuidei de me preocupar com a natureza, mas ignorei minha saúde e as boas noites de sono. E hoje, ao fim do dia, o máximo que eu sinto é abandono.
Written by: Angélica Manenti, em 20 de Novembro de 2009.
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