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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Amor em verde


Os dias chuvosos. Há muitas coisas que eu não sei pensar. O cigarro não satisfaz minha ansiedade; as unhas roídas deixam transparecer o nervosismo: prolongamos a espera, tornamos os dias ainda mais longos deixando estar horas acordadas conversando. Não sei em que ponto nós fomos nos entender de tal maneira, tanto que agradeço todos os dias por te encontrar.
Todos esses aparelhos ligados não conseguem me distrair; nem o extremo do cansaço é capaz de me fazer dormir. As paredes do quarto não me sufocam mais; a luz fraca não me impede de te enxergar até o fundo dos segredos; a distância não me separa de te fazer sorrir; muitas coisas em você me fizeram voltar a acreditar que ainda é possível evoluir. Os bons delírios tomam o lugar dos pesadelos; já não odeio tanto a minha imagem no espelho. Os excessos e os descasos não me influenciam mais, os tremores de medo e as dúvidas já não me dominam; a pressão das escolhas, o abandono da rotina, o vazio de não te ver dobrar a esquina: nada me comove, nem me atinge, porque os dias vão passar e eu nunca desisti de lhe reencontrar.
Ah, o absinto. Meu veneno singelo; a distração do corpo, as histórias mais belas na ponta da língua, a resposta para os desejos mais profundos e insanos da alma. Absinto: o verde perigoso, letal; a fada que oferece conforto e alento sem pedir nada em troca. A palavra sincera na palma das mãos; a verdade mais doce e alva que um punhado de açúcar puro e refinado; o despertar dos segredos antes calados. Eu sinto, absinto: teu devaneio inundando minhas veias como água de enchente invadindo ruas e avenidas; tuas estradas coloridas. Um despertar suave, um declínio reconfortante; a adrenalina de soltar as mãos do volante e correr; ignorar as curvas, sentindo o vento passar depressa pelo meu rosto, e enfim voar. Um vôo em queda-livre em direção a um abismo dentro de mim; pra cair em um vale tranqüilo, de um riacho manso e tão raso quanto os pensamentos sutis de um coração livre e sossegado. O liquido que escorre pela garganta como um rasgo quente e carinhoso, de um afago delicado como recompensa ao fim de mais um dia. A mente vazia, os membros leves, os pensamentos dispersos, a emoção estática. Como dançar de pés descalços na grama molhada; como o amor em uma tarde fria de domingo. É o abrigo mais seguro: dentro de mim, e nos meus sonhos eu a sinto, eu a(b)sinto.

Written by: Angélica Manenti

Um comentário:

  1. Só pra você saber que não está falido seu blog!

    E que lendo seu post quase tive vontade de beber absinto but prefiro ficar com a minha mexicaninha(mexicanazinha ?)TEQUILA..
    Só o José faz a minha cabeça ;DD

    Saudades gata

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