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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ensaios sobre o amor V


ENSAIOS SOBRE O AMOR: VISTO DEPOIS

PARTE I
Gostava da forma como você prendia o cabelo, se ajeitando em frente ao espelho e dizendo besteiras só para me fazer sorrir; em instantes estava fora do meu alcance, mas tinha hora certa para retornar. Então eu gostava de ver você me abraçando e dizendo que queria estar comigo para sempre, até o dia em que você levou as malas ao sair.

PARTE II
A vida se distrai, todas as desculpas são fracas demais. Hoje admiti que sinto sua falta, e o pior de tudo: gritei que ainda a amo em voz alta.
Tenho saudades das nossas encrencas, das nossas despesas.
Se você some, eu já entendo, e não exijo explicações. Ainda acho estranho você vir me perguntar, prefiro nem prestar mais atenção. Não quero ouvir as histórias sobre seu primeiro final de semana sem mim.

PARTE III
Como me tornei parecida com você. Hoje sei fazer alguém sofrer, e até lhe entendo quando sinto vontade de desaparecer; sinto-me tão igual a você que às vezes me confundo ao imaginar se minha saudade é de lhe ter por perto, ou de lhe ter como exemplo. É como olhar no espelho e só ver a sua imagem. Com a sua distância eu deixo de aprender e você esquece de me fazer a mulher mais forte desse mundo, que caminha com as próprias pernas e perdeu sozinha o medo do escuro.

PARTE IV
Mudei meu timbre e até a cor do meu cabelo para deixar bem claro o quanto sou fria e independente agora; para gritar em alto e bom som que estou mais confiante agora. Pintei as unhas de vermelho para eu andar na rua com ar de vadia e apertar as coxas de qualquer uma que cruzar meu caminho, em plena luz do dia. Sua mãe eu chamo de tia, vejo a velha se irritar e ordenar que eu nunca mais volte à sua rua; mas eu tenho coragem e bato à sua porta todas as tardes, só para ser expulsa outra vez a vassouradas. Algumas vezes esqueço qual a cor da sua casa e bato à porta errada. Suas vizinhas me conhecem, já atendem à porta semi-nuas só para mim.
Tente imaginar essa comédia no cinema.

PARTE V
Você sente orgulho a me ver tropeçando, tentando andar sozinha? Reconsidere nossa história, recupere sua memória e diga se o nosso amor não é mais o mesmo visto depois.

-Continua-

Written by: Angélica Manenti

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