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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Às pressas, nada presta


Não vai adiantar insistir para que os pedidos sejam atendidos imediatamente; guardei a felicidade para amanhã ou para qualquer dia melhor, quando meu estômago tenha parado de rejeitar a si mesmo. Não há paz, mas também não há desequilíbrio; não há mais notícias para imprimir nos jornais de hoje. O mundo parou de girar para esperar que os amores retornem; o oxigênio acabou e os perdedores enfim se deram conta da amplitude de seus prejuízos. Falar sobre sorrisos e bons sentimentos tornou-se pecado mortal neste momento em que o mundo está beirando seu fim e todos começam a tomar consciência de serem mortais. O número de vítimas não nos abala mais; estamos preparados para tudo o que for inesperado.
Quer dizer que não vou mais precisar fazer meu exercício diário de aturar e muito menos fingir que me orgulho dessa vida mesquinha? Posso mesmo faltar ao trabalho sem estar doente e errar todas as questões dos testes que me impuserem? É dia de se entregar ao abismo, não existe mais razão para me debater tentando.
A nostalgia pode trazer à tona nossas melhores dores. Apalpando o sofrimento eu encontro palavras que realmente valem mais a pena do que o próprio paraíso; e como uma perfeita renegada eu as vomito sobre uma pilha de papéis sujos, ao invés de moldá-las em belos poemas repletos de insígnias. Repudio teorias óbvias demais para provar que sou a contradição mais persistente do universo; quero que sintam nojo da minha insensatez.
Estamos envelhecendo no limbo, incapazes de nascer e sequer de morrer. As habilidades se esvaem junto com a indiferença; a beleza é temporária ou não passa de uma promessa para um mais tarde muito distante; a covardia é o último ímpeto que nos rege até os portões de emergência quando a única atitude inteligente é fugir: escapar do tédio de tudo.

Written by: Angélica Manenti

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