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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sistema Incompleto


Quando provo um novo sabor e imediatamente passo a me perguntar o que poderá vir em seguida. Quem se dedica a inventar as coisas novas? Por quanto tempo o mundo suportará as criações inéditas antes de entrar em colapso?
Dá mesmo a impressão de não haver mais espaço; vejo o planeta se sentindo a cada dia mais pesado, repleto de inventos e argumentos para defender suas respectivas utilidades; uma humanidade sobrecarregada de praticidades que exigem cada vez mais operários trabalhando para proporcionar conforto a outros trabalhadores.
Ninguém descansa nesse sistema de trocas ingratas: surgem, a todo instante, funções para suturar as falhas nascidas em um outro nível da cadeia que antes parecia ideal. Para o sono das exigências, alguém precisa fazer mais café; para o tédio da rotina é essencial que se abram novas portas rumo à diversão; para a exaustão dos compromissos sonhamos que sejam criados mais feriados obrigatórios.
Temos muito mais lâmpadas acesas, muito mais gente planejando viagens para o fim do ano, um sem fim de barrigas gritando sua fome e as carências do mundo penduradas por fios de telefone. Contudo a busca por se completar jamais cessa. Ainda falta... Alguém faz falta e as faltas podem nos reprovar. Portanto é nosso dever estarmos no nosso lugar sempre que nos for imposto. Desviar uma rua do caminho habitual pode comprometer todos os demais horários pré-determinados. Parar para observar pode significar um atraso fatal. Contestar uma ordem pode custar um preço que ninguém está disposto a pagar.
Assim nos mantemos sóbrios da obrigação, centrados na direção que deve ser seguida e conformados com a nossa condição de não ser.

Written by: Angélica Manenti

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