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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobre olhos, ouvidos e vozes


Seus olhos devem se fechar quando eu esclarecer minhas mentiras; você pode desejar não ter ouvidos quando eu começar a confessar que não desisti e que ainda guardo minhas hipóteses de lhe ter. Pode ser que eu não signifique tanto assim, e que meus delírios lhe sirvam apenas como distração. Provavelmente você não me admira da maneira como minha imaginação tem acreditado. Se eu tivesse certeza quanto a sua opinião, não perderia meu sono criando vagas suposições.
Eu traria sua voz até mim e a faria despejar todas as suas decepções antes que elas tornassem a lhe doer. Vejo meu violão pendurado na parede só depois da meia-noite; na hora de fazer silêncio eu me arrependo por não ter tirado um tempo durante o dia para lhe dedicar. Não podemos acordar lembranças, nem vizinhos, nem lágrimas agora; não temos licença para tocar serenatas no meio da madrugada; a vida exige que se calem as vozes mais insistentes, que sejam reprimidas as paixões, renegadas as desculpas e que os amores sejam embrulhados e esquecidos no fundo do armário.
Não guarde tantas relíquias, elas só ocupam espaço; desfaça-se das angústias e não seja tão inocente, afinal, todos tendem a se aproveitar de você.
Experimente se deitar mais tarde essa noite e considere minhas palavras antes de fechar seus olhos. Eu não estou inteiramente equivocada por ainda lhe querer. Ouça uma música que a faça lembrar de mim e pela manhã, minha voz a acordará.

Written by: Angélica Manenti

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