Powered By Blogger

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Limite da Ausência


Estes diários estão saturados de confidências sobre você; nossos amigos não suportam mais me ouvir contar histórias sobre como você desapareceu; eu não agüento mais conviver com o flagelo de um amor tão torto e improvável. Como pôde perdurar por todo esse tempo sem que um mínimo de realidade o sustentasse?
Não há sequer um dia que essa esperança arrogante não me tome. Às vezes um ínfimo raio de lucidez tenta me alertar de que eu preciso me desprender desse mal que se instaurou até na mais insignificante célula do meu corpo; uma semente venenosa que espalhou suas raízes dentro das minhas veias e se alastrou pela minha corrente sanguínea. Eu me pergunto quanto tempo falta para o amor se esvair por completo e se retirar de mim. Tento me provar que tudo não passou de um desatino e a liberdade virá logo em seguida da sanidade. Parece-me que admitindo o fracasso eu conseguiria apagar com mais propriedade essa desavença entre meu coração e minha razão; e sóbria das condições precárias da minha paixão imaginária eu lhe arrancaria da minha pele e sangraria até que todo o amor estivesse derramado, escorrendo pelo ralo como uma porção de água suja; você não iria mais manchar minhas roupas nem ocupar meus cadernos com todos estes apelos; não roubaria mais nem uma hora do meu sossego e eu não seria mais vista como cega.

Written by: Angélica Manenti

Nenhum comentário:

Postar um comentário