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domingo, 12 de setembro de 2010

Livro tem que ser aprendido como diversão

Você veja só que coisa mais irônica: eu adoro ler. Sério mesmo. Inclusive, eu amo comprar livros porque acho interessante colecioná-los, sair emprestando. Mas pegue um título qualquer como exemplo. Se indicarem como uma boa leitura – que seja em uma conversa descompromissada entre amigos – eu devoro cada palavra, viro noites envolvida com o livro; já se me impuserem como dever eu acho uma sujeira – a leitura fica fúnebre, empaca. O prazer da literatura está na não-obrigação, no viver a história ao seu tempo, construindo os personagens na imaginação até que estes virem uma espécie de memória, de tão vívido o nosso convívio.
Não force uma criança a ler: instigue. A escola não virou as costas para a leitura, mas ela traumatiza com a forma de abordar. Livro não é requinte de tortura para as odiadas aulas de Língua Portuguesa, Livro tem que ser aprendido como diversão e com letra maiúscula.
É fácil apontar a falha dos pais que não têm o hábito de ler, da escola que não incentiva ou da dificuldade de acesso. Aliás, gente levantando o dedo sujo para apontar os outros é comum. Mas eu estou reclamando aqui a raiz de um problema, e pelo que sei, toda raiz de um problema social está invariavelmente ligada ao caráter de cada indivíduo. Convenhamos: cada nova geração – quanto mais vítimas das facilidades e futilidades da tecnologia – está vindo mais corrompida e mesquinha. E digo isso por experiência, porque eu já vi muito marmanjo fazendo piada com a cara do colega que gosta de ler. Não estou exagerando, não. Pasmem: existe bullying literário (termo que eu não verifiquei se existe, mas faço questão de registrar aqui).
Então eu sempre recordo de uma professora do meu ensino fundamental que me marcou com sua paixão incondicional pela leitura e que plantou essa semente em mim. Ela fazia parecer que o livro tinha gostinho de chocolate. E ela também costumava dizer que nós nunca mais somos a mesma pessoa depois de um livro: vamos nos moldando com as palavras. Eu consigo ver claramente o quanto isso é essencial, e por isso me apavora o fato de que os jovens de hoje não prezam a leitura.
Se o livro com tamanho papel na sociedade for substituído por sabe-se lá que vaidade dessas gerações, imaginem vocês no que vai resultar a formação do caráter deles.

Written by: Angélica Manenti
Artigo Publicado no Jornal Enfoque Popular em 17/09/2010 (Página 2): http://www.jornalenfoquepopular.com.br/

2 comentários:

  1. Grande Sertão Veredas tem gosto de chocolate? e Macunaíma? (acho que esse macunaíma tem gosto de uísque) hehehe
    O cultivo da leitura está cada vez menor, precisamos fazer alguma coisa! =D

    Grande Abraço

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  2. Concordo e muito! Nossa, ler algo por obrigação não dá prazer nenhum, bem, fazer qualquer coisa por obrigação não dá muito prazer mesmo, penso eu. E é triste quando algo livro 'bom' é empurrado goela abaixo dos alunos, sei lá, parece que se torna maçante de ler só porque é por obrigação. E bullying literário é bem real mesmo. Já sofri uma vez, já vi pessoas sofrendo.

    Parabéns pelo texto, gostei do tema :)

    Ah, fikdik o blog da minha amiga: http://poesiadealuguel.blogspot.com/
    :D

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