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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ditadura do Fanatismo


Estou indignada e cansada de respeitar a quem não me respeita, então vou soltar o verbo mesmo, doa a quem doer; e se não agüentarem ler até o fim é porque já foram cegados pelo fanatismo.
Sinto vergonha da humanidade quando me deparo com fanatismos. Refiro-me a todo tipo de idolatria: de artistas, de líderes e principalmente o fanatismo religioso. A idolatria é o câncer do mundo.
Hoje trago um recado para vocês, fanáticos religiosos: a verdade não cai do céu e não lhes pertence. Sequer existe uma verdade única e suprema; a verdade é individual e cada um tem seu próprio conceito de felicidade. Vocês não podem escrever as regras do mundo de acordo com as suas crenças. Isso é a hipocrisia e a falta de caráter, condutas estas que vocês, acostumados a tratarem-se como “irmãos”, dizem repudiar. Querem ter a palavra, mas são asquerosos e mesquinhos em suas atitudes.
Basta um olhar sobre a história: há alguns séculos a Igreja Católica dizimou milhares de vidas que não seguiram à risca sua doutrina durante a Santa Inquisição: fogueiras ardendo em brasas humanas, máquinas projetadas para torturar e matar, permissão para falar e agir somente de acordo com os preceitos da Igreja, sujeitos a castigos extremos, e tudo em nome de Deus. Mas que Deus é este, afinal? Um Deus que dizem ser tão bom e generoso, mas que exige sacrifícios e despeja catástrofes sobre sua “tão amada criação”?
Mas não precisamos olhar para o passado, porque os absurdos não terminaram com o fim da Idade Média. O atual Papa, entidade suprema da Igreja Católica e de grande influência na política mundial, acredita que o sexo deve ser praticado apenas para fins de reprodução e, por conseguinte repudia o incentivo ao uso de preservativo. Grande Papa e grande colaborador da propagação do vírus HIV – “que se danem as vidas que poderiam ser salvas, Deus não quer que vocês trepem porque é muito feio” – soa exagerado dito com essas palavras, eu sei, mas o Papa só usou eufemismos, a mensagem era exatamente essa. E o mundo se submete aos delírios de um hipócrita que tem a mente tão limitada que é incapaz de enxergar o problema que pode criar. Um alienado divino.
Também não precisamos ir muito longe; no nosso Brasil a coisa vai de vento em popa: o maior veículo de alienação de massas – a Rede Globo de televisão – boicotou o núcleo gay da novela das oito – que começa as nove – e manteve apenas o personagem gay do núcleo de humor. Até aí nós entendemos tudo, Rede Globo, “gay é palhaçada”. Para mim está claro que isso é medo de perder seu público cristão, mas espera um pouco... Não são esses mesmo cristãos que se divertem com personagens viciados em drogas, mulheres vulgares, vilões maléficos e sanguinários, corruptos, bandidos e até mesmo clones humanos? Esses cristãos que abominam o Amor – com letra maiúscula mesmo – entre dois homens ou duas mulheres?
Tenho vergonha de um país como o nosso que declina diante da vontade absurda de um grupo de fanáticos, cegos de espírito; um país que prefere ver seus cidadãos – que deveriam ser iguais perante a lei – serem espancados e mortos por amarem alguém do mesmo sexo, a enfrentar a arrogância daqueles que justificam tudo “em nome de Deus”. Gays são agredidos na rua, o preconceito quebra lâmpadas no rosto de inocentes e eles vão ter que conviver com as cicatrizes pelo resto de suas vidas – e este é apenas um exemplo dos incontáveis casos de violência contra homossexuais – mas para a bancada evangélica a homofobia não precisa ser considerada crime.
Abro o jornal e me deparo com um caderno especial da igreja evangélica falando um punhado de asneiras que não cabem aqui e comemorando o fracasso da lei PLC 122, que visava tornar crime os atos homofóbicos. Lembrem-se: esses são os mesmos governantes que enchem suas cuecas com o nosso dinheiro e que deixam nossa educação, segurança, saúde e a fome do nosso povo “ao Deus dará”. Acordem! Deus não dará! Desde o tempo que escreveram aquela obra de ficção chamada Bíblia nenhuma voz se pronuncia lá do céu (o que me parece óbvio, já que com a ciência foi possível descobrir que ouvir vozes é sintoma de esquizofrenia ou algum outro transtorno psiquiátrico).
Uma coisa vale para todos: sejam fanáticos, religiosos ou ateus – cada um tem o direito de fazer suas escolhas, contanto que não interfira na vida dos outros. Ninguém pode julgar ou querer ditar o que é certo e errado, porque isso cabe a cada um, e depende do que carregamos dentro de nós e daquilo que nos cerca. A maioria das pessoas precisam se agarrar à fé, seja para se suportar, seja para ter a quem culpar, e eu não estou aqui para condenar as crenças de ninguém, estou apenas reclamando limites, buscando o respeito que todos merecemos. Estou tentando fazer-lhes entender que assim como eu conheço meu lugar e sei que não devo beijar minha namorada em público por sermos homossexuais – acredito que não temos o direito de forçar alguém a aceitar – as religiões também não têm o direito de reger nossos passos. E o mais incrível é ver que muitos ainda pagam o dízimo para serem manipulados por estes ditadores hipócritas e sem escrúpulos.
Não seja tão pequeno de mente e entenda que eu não estou ofendendo seu Deus, estou falando das instituições que afirmam falar em nome d’Ele.

Writen by: Angélica Manenti

3 comentários:

  1. Belíssimo, Pinguin!
    É disso mesmo que a sociedade está precisando, de um tapa na cara bem dado, pra largar a hipocrisia de lado e tirar o cabresto que a Igreja e todas as 'instituições que afirmam falar em nome d’Ele' colocam no mundo!
    Apoio-te e sigo firme do seu lado, sempre!

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  2. Oi, Angélica!

    Não compactuo dos absurdos que estão propagados por todos os lados, mas somos obrigados a conviver com eles: gay, negro, baixiho, gordo, oriental, religiosos... Há muitos e impregnados há séculos.
    A hipocrisia é muito pior e epidêmica. Fato!
    Como eu te disse um dia: "nosso comportamento é o que nos condena a um preconceito". Desde que não se interfira na vida do outro, temos o chamado "livre arbítrio". Sejamos, portanto, pessoas inteligentes, dignas, de caráter, respeitando a ignorância alheia. Não há outro jeito. Caso contrário, teremos de partir para as "vias de fato"! Não é isso que se quer, certo?!
    Sou católica, mas não admito algumas posturas da Igreja. Como quaisquer outras, há falhas, absurdos, dogmas a serem respeitados, mas muita coisa a ser modificada. Muita...
    E será sempre assim, Angélica, infelizmente.
    Procure ser uma pessoa honesta, uma cidadã de caráter e filtre tudo o que ouvir.
    Não dê motivos para que outras pessoas te julguem.
    Precisamos encarar os fatos e, sempre que for necessário, impor-se, como fazes sempre!

    Um abraço!
    Profa. Nara

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  3. Pinguin, quem abre a boca come mosca, mas quem fecha não respira!
    ;]

    Continue, guria!

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