Há muitas distâncias por percorrer. O bonito dos sonhos fica longe, apartado do vazio e do tédio cotidiano, exige coragem para buscar, pede que se trilhe caminhos sem chão, travessias. O estranho do desejo insiste em se afastar; a felicidade é arredia, teima em escapar. É preciso gostar das paisagens, preencher-se com a vista que passa pela janela, se contentar no simples aguardar. Não podemos nos render ao equívoco de que tudo irá sossegar no final, deparar com o completo dos sentimentos só na última rua sem saída: a vida não tem linha de chegada. Temos de reparar, acostumar com o fato de que há beleza nas beiradas da estrada.
Há lembranças demais que remoer, algumas com desgosto, doendo feito corte profundo de lâmina afiada; outras com aquele brilho dos dias sem defeitos, me privando do pior dos medos: o medo da ausência.
A saudade – essa falta nostálgica – é uma vereda sem fim. A gente implora o viver de novo, para voltar no tempo achando que estando mais pronta aproveitaria melhor, não cometeria os mesmos despeitos. A gente delira, revira e bagunça o mundo tentando entender, e depois se desculpa pela falta de sensatez; a gente reclama, se vinga do destino e depois se arrepende, implora outra chance, mas a gente só ganha duas direções: uma das mãos do diabo e outra que desce do céu.
Todo estreito de mundo tem suas armadilhas, vertentes do mal, assim como toda verdade tem as suas mentiras, duelos da alma.
Há lembranças demais que remoer, algumas com desgosto, doendo feito corte profundo de lâmina afiada; outras com aquele brilho dos dias sem defeitos, me privando do pior dos medos: o medo da ausência.
A saudade – essa falta nostálgica – é uma vereda sem fim. A gente implora o viver de novo, para voltar no tempo achando que estando mais pronta aproveitaria melhor, não cometeria os mesmos despeitos. A gente delira, revira e bagunça o mundo tentando entender, e depois se desculpa pela falta de sensatez; a gente reclama, se vinga do destino e depois se arrepende, implora outra chance, mas a gente só ganha duas direções: uma das mãos do diabo e outra que desce do céu.
Todo estreito de mundo tem suas armadilhas, vertentes do mal, assim como toda verdade tem as suas mentiras, duelos da alma.
Inspirado em Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa
Written by: Angélica Manenti
MARAVILHOSO ESSE TEXTO!
ResponderExcluir"Não podemos nos render ao equívoco de que tudo irá sossegar no final, deparar com o completo dos sentimentos só na última rua sem saída: a vida não tem linha de chegada"
Incrível!
E muito mais verdadeiro e real do que se esperar que no fim todas as coisas se ajeitem como se fosse o último capítulo da novela ou o final de um filme hollywoodiano.
BJ